Candidato
azarão na disputa pela presidência do Senado, o estreante Randolfe
Rodrigues (PSOL-AP), 40, diz que o oponente Renan Calheiros (PMDB-AL),
57, favorito na disputa, trabalhou pela “pizza” na CPI de Cachoeira em
troca de votos na eleição marcada para a próxima sexta.
Em dezembro, a comissão de deputados e
senadores terminou sem indiciar nenhum suspeito de se envolver com o
empresário Carlinhos Cachoeira, condenado em primeira instância sob
acusação de liderar esquema de jogos ilegais e corrupção.
“A rejeição do relatório foi uma obra
montada nos bastidores do Congresso na madrugada que antecedeu a votação
com a operação direta do senador Renan Calheiros”, afirmou Randolfe em
entrevista à Folha. Em troca, partidos beneficiados com a “pizza” dariam
apoio ao senador alagoano, diz.
Para exemplificar, Randolfe citou o caso
do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), que estava na lista de
indicados do relator, o petista Odair Cunha (MG), cujo texto acabou
sendo derrotado. “Talvez seja por essa razão que a minha candidatura não
tenha a simpatia do PSDB.”
Senador mais jovem da Casa e único
representante do PSOL, Randolfe comparou sua candidatura com a campanha
da “anticandidatura” de Ulysses Guimarães à Presidência da República em
1974, durante a ditadura, contra o general Ernesto Geisel.
Renan chegou ao Congresso há 30 anos,
como deputado. No Senado, foi eleito pela primeira vez em 1994 e já
comandou a Casa duas vezes. Na última, foi obrigado a renunciar em 2007
após suspeitas de irregularidades.
Na semana passada, a Procuradoria-Geral
da República enviou denúncia contra Renan ao STF (Supremo Tribunal
Federal). Ele é suspeito de apresentar notas frias para comprovar renda.
“Não se trata de denúncia passada”,
disse Randolfe. “Não considero de bom tom para nossa democracia eleger
alguém que está denunciado pela PGR”, completou. “Eu não queria estar na
pele dos senadores que já fecharam com Renan [na disputa].”
Mesmo dizendo saber que tem pouca
chance, Randolfe afirma que quis lançar seu nome para abrir um debate
sobre as atividades do Senado.
Para ele, não é normal que, com
orçamento anual de mais de R$ 3 bilhões, o Senado tenha uma eleição
“combinada para ocorrer apenas sob os tapetes azuis [referência à cor do
carpete do Senado]“.
PROPOSTAS
Em campanha, Randolfe promete reduzir
gastos com pessoal e serviços da Casa, além de estender os dias de
votação de segunda a sexta-feira –hoje elas costumam ocorrer de terça a
quinta.
Sobre 2014, diz que seu partido irá
lançar candidatura à Presidência da República, mas preferiu não comentar
a hipótese de ser o candidato.
Procurado, Renan disse que não iria
comentar as declarações de Randolfe, pois sua própria candidatura ainda
não está confirmada pela bancada. “Como líder [do PMDB], preciso unir a
base. Se me colocar como candidato, vou acabar dividindo.”
(Folha de São
Paulo)
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